Dia 31 de Outubro de 1517 tornou-se a data de aniversário da Reforma Protestante, por ser o dia em que o monge agostiniano Martinho Lutero publicou seu manifesto com as 95 teses contra práticas não bíblicas da Igreja. Inobstante ser lembrado primordialmente como movimento religioso, vale destacar que a Reforma foi um marco histórico, ponto de partida para incontáveis mudanças e transformações que permanecem em curso nas mais variadas áreas da vida.
A Reforma está intrinsicamente ligada ao resgate dos fundamentos basilares
da fé cristã por ter provocado a ruptura do círculo vicioso da religiosidade
superficial e a redescoberta do essencial na vida cristã que é o relacionamento
com o Deus Único, pessoal – e fonte originária de graça, razão e sentido. Se
olhada apenas como fato histórico a Reforma deixa de produzir avivamento; e,
sem avivamento cairemos na vala comum da aridez litúrgica ou do emocionalismo
imediatista.
É urgente que tenhamos a experiência de reforma da Reforma.
É altamente constrangedor ver o registro diário de um declínio no
nível espiritual e ético da igreja. O noticiário revela a despreocupação com a
moralidade e o desprezo com o temor ao Deus Único, que deveria ser o comportamento
superlativo da vida cristã. O cristianismo deixou de ser modo de vida para
representar obediência a preceitos, em contraste com a ênfase na graça
encontrada nos escritos do Novo Testamento. Eis aí a urgência de reforma da
Reforma. Popularizada em meados do Século 19, mas, de autoria desconhecida,
confirma-se a atualidade da expressão:
Ecclesia reformata et
semper reformanda est (A igreja reformada está sempre se
reformando) e Ecclesia reformata sed semper reformanda (A igreja é
reformada, mas está sempre se reformando ou carecendo de reforma).
É imperioso que,
constantemente, empreendamos uma jornada de retorno aos fundamentos bíblicos característicos
da igreja cristã. Não é admissível que o protestantismo, cuja gênese foi a de um
movimento contestador e revolucionário, acabe – por ação ou omissão – tornando-se
rígido, engessado e excessivamente conservador. E, quando falamos em reforma nos
referimos às três questões indissociáveis que são: a questão teológica, a
questão ética e a questão litúrgica.
A teologia aponta para as verdades divinas que norteiam a fé e o
modo de vida cristão. Teologia equivocada é prejuízo certo na ética e no culto.
Se a teologia priorizar a vontade humana colocará Deus na periferia, o que
fatalmente será desastroso e terá como consequência a crise de valores que
tantos cristãos enfrentam hoje.
A teologia saudável é equilibrada na interpretação das Escrituras, levando
em consideração “todo o conselho de Deus”(Atos 20.27) ; não é
individualista, mas acolhe, com humildade o legado de fundamentos bíblicos que
os pais da igreja nos deixaram, milhares deles, com o sacrifício da própria
vida.
1. Sola Fide = Somente a Fé;
2. Sola Scriptura = Somente a Escritura;
3. Solus Christus = Somente Cristo;
4. Sola gratia = Somente a Graça;
5. Soli Deo Gloria
= Somente a Deus Glória.
Até breve!