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LAODICÉIA: A IGREJA MORNA

      Apocalipse 3.14-22

14 “Escreva esta carta ao anjo da igreja em Laodicéia. Esta é a mensagem daquele que é o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, a origem da criação de Deus: 15 “Sei de tudo que você faz. Você não é frio nem quente. Desejaria que fosse um ou o outro! 16 Mas, porque é como água morna, nem quente nem fria, eu o vomitarei de minha boca. 17 Você diz: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’. E não percebe que é infeliz, miserável, pobre, cego e está nu. 18 Eu o aconselho a comprar de mim ouro purificado pelo fogo, e então será rico. Compre também roupas brancas, para que não se envergonhe de sua nudez, e colírio para aplicar nos olhos, a fim de enxergar. 19 Eu corrijo e disciplino aqueles que amo. Por isso, seja zeloso e arrependa-se. 20 “Preste atenção! Estou à porta e bato. Se você ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e, juntos, faremos uma refeição, como amigos. 21 O vitorioso se sentará comigo em meu trono, assim como eu fui vitorioso e me sentei com meu Pai em seu trono. 22 “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

Conversa de doente
Uma das maneiras de se descobrir o estado de saúde das pessoas é ouvir o que elas estão dizendo umas às outras. Se de repente o grupo começasse a falar dos resultados de seus exames de sangue e dos números da pressão arterial; seguisse comparando sintomas; sugerisse dicas de tratamento; trocasse nomes de remédios… nós com certeza não veríamos nisso um bom sinal. A julgar pela conversa, seríamos forçados a concluir que todos eles deveriam ter colesterol alto, hipertensão arterial e até diabetes. Quem é saudável não fica falando dessas coisas. A menos que seja hipocondríaco.
A mesma coisa pode ser dita sobre o enorme interesse em espiritualidade nos dias de hoje. Fala-se de espiritualidade no mercado de trabalho, publica-se sobre orientações espirituais para todas as fases da vida, apresenta-se dicas de espiritualidade para as igrejas, etc. A julgar pela febre do assunto, não há como concluir que a alma das pessoas (e das igrejas!) esteja saudável.
Da mesma forma que uma pessoa saudável não fica falando de colesterol, pressão arterial, índice glicêmico nem trocando receitas, pessoas e gerações saudáveis não ficam falando do estado de suas almas. Eugene H. Peterson foi preciso ao afirmar que:

Quando nosso corpo e nossa alma estão funcionando direito, nós geralmente nem pensamos neles. A frequência com que a palavra espiritualidade ocorre hoje em dia parece mais uma evidência de patologia do que de saúde.

Realmente, todos parecem sofrer de anemia espiritual profunda.

Já ouviu falar em "Crente não praticante?"


Incontáveis vezes os evangélicos criticaram duramente católicos que foram batizados na infância, passaram a se identificar como católicos e que até vão de vez em quando à missa, mas que nunca assumiram um compromisso  firme com o evangelho. São conhecidos (e até autodenominados) “católicos não praticantes”.

Hoje, infelizmente, a mesma crítica nos cabe, porque aumenta a cada dia o número de desigrejados. 

Verdade é que estamos espiritualmente doentes. Viramos tipo “crentes chuchu”, sem o sabor característico do evangelho de Cristo. Assumimos o gosto daquilo com que vamos tendo contato e que nos apaixona.
Hoje, para constrangimento nosso, evangélicos também padecem da síndrome do “não praticante” – são os “crentes sem igreja”. A pessoa se  apresenta como evangélica/crente, mas é indiferente e sem compromisso com o evangelho. 

Crente à moda Laodicéia

A doença da moda, hoje, é a mesma que afetava a igreja em Laodicéia. 

Confira comigo o diagnóstico que o Senhor Jesus fez dessa última das sete igrejas do Apocalipse. 
1. Imunidade baixa
Laodicéia era uma cidade muito rica. Fundada em 250 a.C., por Antíoco da Síria, ela era importante pela sua localização e se enriqueceu por ficar no meio das grandes rotas comerciais. A igreja tinha assumido a cara da cidade. Eram os crentes-chuchu.

Apocalipse 3.17 | Você diz: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’.

Em vez de transformar a cidade, a igreja fazia o jogo da cidade. Eles agiam e pensavam como a sociedade mundana. Para eles, a prosperidade era a prova da aprovação divina. 

Rev. Hernandes Dias Lopes relata que a cidade de Laodicéia se destacava por quatro características:

1) Centro financeiro – Era uma das cidades mais ricas do mundo. Lugar de muitos milionários. Em 61 d.C., foi devastada por um terremoto e reconstruída sem ajuda do imperador. Os habitantes eram muito orgulhosos de sua riqueza. Por isso a igreja local era tão rica que não sentia necessidade de Deus.

2) Centro de indústria de tecidos – Em Laodicéia produzia-se uma lã especial famosa no mundo inteiro. A cidade era orgulhosa da roupa que produzia. A aparência era melhor que a essência.

3) Centro médico de referência – Além de uma escola de medicina famosa, havia uma fábrica de remédios muito eficazes para os ouvidos. Também havia o chamado pó frígio com o qual se fazia o colírio que era o remédio mais importante produzido na cidade e exportado para o mundo todo.

4) Parque de águas Termais – A região era formada por três cidades: Colossos, Hierápolis e Laodicéia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias e em Hierápolis havia uma fonte de água quente que chegava a Laodicéia através de canais. E, por causa da distância, ao longo do percurso ia ficando morna. Tanto as águas quentes de Hierápolis como as águas frias de Colossos (que abasteciam Laodiceia) eram terapêuticas.

A igreja, porém, em vez de se munir contra os pecados da cidade, tornou-se orgulhosa de suas riquezas, satisfeita com suas conquistas, transigente com sua conduta e frouxa com seu compromisso cristão. Aqueles crentes estavam tão contaminados pelos pecados de Laodiceia que George Eldon Ladd fez a terrível constatação:

A carta [aos laodicenses] não menciona perseguição por funcionários romanos, dificuldades com os judeus ou qualquer tipo de falsos mestres dentro da igreja. Laodicéia era muito parecida com Sardes: um exemplo de cristianismo nominal e acomodado. A maior diferença é que em Sardes ainda havia um núcleo remanescente que tinha preservado a fé viva (Ap 3.4), enquanto que toda a igreja de Laodicéia estava tomada pela indiferença… [A cidade de Laodicéia] exerceu uma influência mortal sobre a vida espiritual da igreja.

O perigo é fatal quando vivemos no mundo sem evitarmos o mal. Foi por isso que, na oração sacerdotal registrada em João 17, no versículo 15 Jesus roga ao Pai: Não te peço que os tires do mundo, mas, que os livres do mal! Nós estamos no mundo, mas não somos do mundo (v16). Devemos, portanto, nos santificar (nos separar) pela verdade da Palavra de Deus (v17). É viver a Palavra que nos torna imunes ao mundo maligno em que vivemos.

Mateus 13.22 | As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações desta vida e pela sedução da riqueza, de modo que não produzem fruto [sem imunidade, adoecem e não frutificam].

2. Ausência da realidade
De todas as cartas às igrejas da Ásia, essa aos laodicenses é a mais severa. Ela é a pior de todas. Jesus não faz qualquer elogio à igreja. A única coisa boa era a opinião da igreja sobre si mesma e, ainda assim, completamente falsa. Portanto, além de carência de imunidade, eles viviam fora da realidade.

Apocalipse 3.17 | Você diz: ‘Sou rico e próspero, não preciso de coisa alguma’. E não percebe que é infeliz, miserável, pobre, cego e está nu.

Ainda pior do que estar doente é achar que está tudo bem e que não precisa de médico nem de remédio. Por isso que Jesus afirmou o seguinte:

Marcos 2.17 | As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento.

Só se beneficia da graça de Deus quem reconhece que precisa de salvação. Mas os laodicenses, além de contaminados, deliravam, sofriam crises de ausência da realidade. O pior é que, assim como no caso de Sansão, o doente, o caído, o desviado, enfim, todos os anestesiados espirituais, acabam sendo os últimos a saberem que eles estão sozinhos, isolados, entregues a si mesmos, sem a graça de Deus, exatamente como estavam os crentes em Laodiceia.
Como é triste para o crente que insiste em viver com crises de isolamento, fora da realidade, porque, quando chega o dia mau, a exemplo de Sansão, ele não têm força para vencer.

Juízes 16.20-21 | 20 Então ela gritou: “Sansão! Os filisteus vieram atacá-lo!”. Ao acordar, ele pensou: “Farei como das outras vezes e me livrarei deles”. Não sabia, porém, que o SENHOR o havia deixado. 21 Os filisteus o capturaram e furaram seus olhos. Levaram-no para Gaza, onde o prenderam com duas correntes de bronze, obrigando-o a moer cereais na prisão.

Crises de fuga da realidade somente são curadas com atitudes de fé.

Romanos 12.3 | Com base na graça que recebi, dou a cada um de vocês a seguinte advertência: não se considerem melhores do que realmente são. Antes, sejam honestos em sua autoavaliação, medindo-se de acordo com a fé que Deus nos deu.

3. Consequência de uma vida morna é a sensação de inutilidade
A carência de imunidade contaminou aqueles crentes e a ausência da realidade os fez viver irresponsavelmente. Sem imunidade e cegos para a realidade, eles se tornaram infrutíferos e sem qualquer utilidade. Veja o texto…

Apocalipse 3.15-16 | 15 “Sei de tudo que você faz. Você não é frio nem quente. Desejaria que fosse um ou o outro! 16 Mas, porque é como água morna, nem quente nem fria, eu o vomitarei de minha boca.

A chave para se interpretar a afirmação de Jesus está na geografia daquela região. Hierápolis (que abastecia Laodiceia) era conhecida por suas águas quentes medicinais. Colossos (que também abastecia Laodiceia) era famosa pelas águas frias refrescantes. Portanto, o que Jesus estava afirmando era algo mais ou menos assim: “enquanto a água quente de Hierápolis serve para curar e a água fria de Colossos serve para refrescar, a água morna de Laodiceia não tem qualquer utilidade, a não ser para provocar vômito. Melhor seria se eles fossem frios (refrescassem) ou quentes (curassem). Mas eles só causam náusea, pois são mornos”.
A igreja ou o indivíduo que perdeu seu vigor espiritual, por ter se contaminado com o pecado e se recusado a enxergar a realidade com as lentes da Palavra de Deus, perde sua utilidade. Não cura nem refresca quem quer que seja. Causa apenas náusea àqueles que se aproximam. Jesus coloca da seguinte forma, no Sermão do Monte:

Mateus 5.13 | Vocês são o sal da terra. Mas, se o sal perder o sabor, para que servirá? É possível torná-lo salgado outra vez? Será jogado fora e pisado pelos que passam, pois já não serve para nada.

A receita da cura
Agora que já conhecemos o diagnóstico da doença da mornidão espiritual que atingiu os crentes de Laodicéia, vamos conhecer o tratamento que o doutor Jesus pode aplicar para a cura dessa mesma doença de indiferença, falta de compromisso e arrogância que adoece os crentes da atualidade. Não tenho conhecimento da sua situação, neste exato momento. Isso é algo que apenas o Senhor poderá mostrar a você, em seu coração. No entanto, pelos frutos é possível reconhecer se você está sadio ou doente (Mateus 7.20; Lucas 6.44). 

Veja, por si mesmo, as obras da carne e o fruto do Espírito e tire suas conclusões diante de Deus:

Gálatas 5.19-23 | 19 Quando seguem os desejos da natureza humana, os resultados são extremamente claros: imoralidade sexual, impureza, sensualidade, 20 idolatria, feitiçaria, hostilidade, discórdias, ciúmes, acessos de raiva, ambições egoístas, dissensões, divisões, 21 inveja, bebedeiras, festanças desregradas e outros pecados semelhantes. Repito o que disse antes: quem pratica essas coisas não herdará o reino de Deus. 22 Mas o Espírito produz este fruto: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, 23 mansidão e domínio próprio.

E então, olhando para esses valores de comparação, como está sua vida? Ouça a prescrição de cura do Senhor Jesus Cristo.

Apocalipse 3.18 | Eu o aconselho a comprar de mim ouro purificado pelo fogo, e então será rico. Compre também roupas brancas, para que não se envergonhe de sua nudez, e colírio para aplicar nos olhos, a fim de enxergar.

1. Faça investimento em valores espirituais (v. 18)

Eu o aconselho a comprar de mim ouro purificado pelo fogo, e então será rico.

O dicionário define valores como sendo “normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduos, classe, sociedade, etc.”
Nosso patrimônio deverá ser constituído de coisas celestiais (Mateus 6.19-20), que são os valores do reino de Deus.
2. Acumule virtudes espirituais (v. 18)

Compre também roupas brancas, para que não se envergonhe de sua nudez,

O dicionário define virtudes como sendo “disposições constantes do espírito, as quais, por um esforço da vontade, inclinam à prática do bem.”
Nossa salvação deverá produzir em nós e através de nós justiça (Isaías  61.10), hábitos e práticas santificadas, pautadas pelas Escrituras.
3. Busque enxergar melhor com os olhos espirituais (v. 18)

[…] Compre também […] colírio para aplicar nos olhos, a fim de enxergar.

O dicionário define visão como sendo “maneira de compreender, de perceber determinadas situações.”
Nossa nova condição de salvos deverá nos fazer enxergar o mundo com os olhos da fé (Romanos 1.17). Afinal, tudo o que não provém da fé é pecado. Deveremos também enxergar as pessoas com os olhos da graça, da compaixão e da misericórdia de Deus.
Mas…

  • Como adquirir valores espirituais?
  • Como acumular virtudes espirituais?
  • Como almejar visões espirituais?

1. Arrependa-se diante de Deus

Apocalipse 3.19 | Eu corrijo e disciplino aqueles que amo. Por isso, seja zeloso e arrependa-se.

Aceite a misericórdia severa de Deus e se curve diante do Pai em busca de graça e salvação. Arrependa-se de seu orgulho, de sua autonomia, de sua falta de fé.
2. Abra a porta do seu coração

Apocalipse 3.20 | Preste atenção! [Eis que] Estou à porta e bato. Se você ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei e, juntos, faremos uma refeição, como amigos.

O Senhor bate. Ele bate de diversas maneiras e a todo instante.

  • Nós precisamos prestar atenção – “Eis que” ou “Preste atenção”.
  • Nós precisamos ouvir a sua voz – “Estou à porta e bato. Se você ouvir minha voz”.
  • Nós precisamos abrir o coração – “e abrir a porta”.
  • Nós precisamos colocar a vida em ordem – “entrarei e, juntos, faremos uma refeição”.
  • Nós precisamos interagir com o Senhor – “faremos uma refeição, como amigos”.

3. Alegre-se com o seu Senhor

Apocalipse 3.21-22 | 21 O vitorioso se sentará comigo em meu trono, assim como eu fui vitorioso e me sentei com meu Pai em seu trono. 22 “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito diz às igrejas”.

LAODICÉIA: A IGREJA MORNA
Não seja como a igreja dos laodicenses. Não seja morno. Ser morno é ser imprestável. Quem é quente, cura. Quem é frio, refresca. Mas quem é morno causa vômito em Deus e no próximo. Portanto: 1 não se deixe contaminar por este mundo; 2 não se permita enganar pelo seu coração; 3 não queira apodrecer na inutilidade.

J.B.Phillips Romanos 12.1-2 | 1 Com os olhos bem abertos para as misericórdias de Deus, meus irmãos, eu lhes imploro que, num ato de adoração inteligente, entreguem-lhe seus corpos como sacrifício vivo, dedicado a ele e por ele aceitável. 2 Não permitam que o mundo ao redor os force a se encaixarem em seus moldes, mas deixem que Deus os recrie de maneira que o estado mental de vocês seja completamente transformado. Assim vocês demonstrarão na prática que a vontade de Deus é boa, aceitável a ele e perfeita.

O Senhor está à porta do seu coração. Ele bate. Ele quer entrar. Abra o seu coração. Convide-o para entrar. Sacie-se na ceia com ele.
Arrependa-se e creia em Cristo.