Famílias inteiras se desmanchando por causa de empréstimos, mau uso de cartões de crédito. Os princípios que guiavam o dinheiro há milênios continuam válidos. A Bíblia já ensinava finanças muito antes dos MBAs. O desafio nunca foi saber, mas praticar e criar o hábito de gastar com responsabilidade.
Li, num excelente artigo de Michael Viriato, hoje
na FSP, uma declaração de Sêneca registrada há quase dois mil anos: “a
verdadeira pobreza não é a falta de bens materiais, mas sim a insaciável ânsia
por mais coisas, que gera um ciclo de insatisfação e nunca alcança
contentamento." [Paráfrase]. Apesar da idade, a frase pode estar
em qualquer manual contemporâneo de finanças. O dilema humano é o mesmo desde
Adão e Eva: complicado não é ganhar. Nossa dificuldade é lidar com o que temos
e como chegar a possuir tudo que desejamos. Antigamente eram celeiros e armazéns
para guardar o trigo. Atualmente são planilhas, aplicativos, recursos
tecnológicos, base do agro moderno. As ferramentas mudaram, porém, os tropeços permanecem.
Na análise de M.Viriato, “A história financeira
da humanidade parece um disco arranhado: as mesmas recomendações atravessam os
séculos e, ainda assim, insistimos nas mesmas armadilhas”. A
Bíblia, em seu conteúdo sagrado, fala de dinheiro e educação financeira com
toda clareza. Suas páginas escritas há milênios, contém verdadeiras aulas sobre — poupar, não se
afundar em dívidas, diversificar as aplicações, alinhar valores e usar os
talentos com sabedoria.
Ensinos bíblicos sobre economia e administração -- Em Gênesis capítulo 41, José
aconselha o faraó a reservar parte da colheita nos anos de fartura para
enfrentar a escassez e a fome que iria chegar. O princípio aqui ensinado é
simples: usar parte dos melhores momentos financeiros para usar durante a crise
já anunciada. Fazer poupança (por menor que seja) para uma reserva de
emergência. Ou seja, os primeiros sete anos de fartura garantiram os sete anos
de crise.
Em Provérbios 22:7, o destaque é a
prudência/cautela/moderação: "Quem toma emprestado é escravo de quem
empresta" alerta contra dívidas que aprisionam o futuro. "Os
planos bem elaborados levam à fartura; o apressado sempre acaba na
miséria". A lição aqui lembra que investimentos corretos devem ser
fruto de planejamento, sem correria e sempre focando na austeridade, para não
naufragar Provérbios 21:5.
Eclesiastes 11:2 aconselha repartir o que temos em
várias partes/tipos diferentes de investimento, para não sermos surpreendidos/ou
vítimas de um golpe/ o que caracteriza como prudência diante das incertezas: "Reparte
o que tens com sete, e ainda com oito, pois não sabes que desgraça poderá cair
sobre a terra". Essa ideia, pode se aplicar tanto à generosidade
quanto à diversificação de esforços, princípio moderno de não concentrar todos
os recursos em um só lugar. Não guardar todos os ovos numa única vasilha. Porque,
se a vasilha cair todos quebrarão. Do contrário, salvamos a metade.
Já nos Evangelhos, Jesus trata de assuntos relativos ao
comportamento financeiro: valores, preocupações e planejamento. "Onde
estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração" (Mateus
6:21). Isto é uma afirmação direta sobre uma escala de prioridades. Nada
melhor que dinheiro para revelar o que é importante para nós. E Jesus dá mais
um conselho: “Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas
próprias preocupações" (Mateus 6:34). Não se trata de
negligenciar o futuro, mas de agir para evitar que a pressa/ansiedade
desorganize as finanças paralisando decisões responsáveis. Ao dizer "quem
de vocês, querendo construir uma torre, primeiro não se assenta para calcular o
custo...?" (Lucas 14:28), Jesus reforça a importância de
planejar antes de agir, em uma das lições mais claras da necessidade de
orçamento prévio e preparo financeiro.
Nada seria diferente, hoje, para evitarmos as
calamidades financeiras que temos, dentro e fora da Igreja. Nome negativo no
SPC/Serasa, famílias inteiras se desmanchando por causa de empréstimos, uso de cartões
de crédito emprestados e não-pagos. E, para completar os desatinos, uma vida
espiritual de fachada totalmente hipócrita.
Está passando da hora de acertarmos a vida com Deus enquanto aprendemos a poupar nos tempos bons, evitar dívidas que nos colocam uma corda no pescoço afetando nossa vida moral, espiritual, emocional e conjugal. Passar a agir para enfrentar tempestades, alinhar escolhas com valores e planejar antes de agir. Apesar dos séculos que estas lições estão na Bíblia, boa parte dos cristãos têm extrema dificuldade para se converter na área financeira.